Localizado no coração de Providencia, em Santiago do Chile, este conjunto habitacional é um dos muitos projetos produzidos a partir da política estadual de construção de moradias e desenvolvimento de melhoramentos urbanos, impulsionados através do CORVI, após sua criação em 1953 durante o governo de Carlos Ibáñez del Campo.
Encomendado pela Caja de Empleados Particulares nos terrenos da antiga Casa Nacional da Criança, o projeto é concebido sob a ideia de construir um conjunto capaz de consolidar-se como uma peça urbana dentro da cidade, sendo facilmente identificável, e fomentando a integração espacial e coesão social. São princípios que o enquadram e refletem a notável influência arquitetônica do movimento moderno, nas bases projetuais que definiram o futuro do projeto.
A Unidad Vecinal Providencia é concebida como um conjunto capaz de ser um fragmento da cidade, integrando a comuna já consolidada. Hoje consolidado como um ícone da arquitetura moderna no Chile, em seus primórdios buscou inovar na maneira de conceber o bairro, prestando grande atenção à relação do morador com a cidade e a escala do pedestre.
O empreendimento possui um total de 31 edifícios, caracterizados por três tipologias: duas torres de 24 pavimentos com apartamentos simples, de frente para a Avenida Providencia; seis edifícios de 11 pavimentos; e 23 edifícios de cinco pavimentos, em sua maioria com apartamentos duplex, localizados entre as ruas Antonio Varas e Marchant Pereira.
A grande preocupação dos arquitetos encarregados, por dar solução aos espaços exteriores, foi tratar com especial cuidado a praticidade e a comodidade do que foi projetado para aqueles que seriam seus futuros habitantes, sempre considerando o poder de satisfazer necessidades como circulação, iluminação e conforto.
Isso se expressa na formalização do conjunto, suas instalações públicas e desenvolvimento de espaços de lazer, inseridos em uma série de jardins, originalmente com espelhos d'água, aviários, quadras de tênis, anfiteatro ao ar livre e academia, privilegiando conexões de tipo pedestre separado do tráfego de veículos. Estes jardins, apesar de estarem atualmente fechados ao público em geral e constituírem um espaço privado, são em si um local de conexão e permanência dentro do complexo habitacional.
Dito isso, é possível revelar como essa unidade consegue cuidar de problemas em diferentes escalas: urbana, de bairro e doméstica. Além disso, trabalhando com princípios claros, constitui um bairro em que a obra dialoga com uma clara proposta de paisagismo, trabalhando com a introdução de espécies perenes, a inserção de elementos d'água e uma proposta artística completa que relaciona esses elementos, a partir da obra encomendada ao artista Abraham Friedfeld.
Desta forma, desenvolveu-se um projeto que contava com uma planta bem resolvida ao nível do solo, que dispunha os maiores volumes voltados para a rua com o maior fluxo e tráfego, deixando o resto dos edifícios mais baixos para o interior, cuidando um interior e privilegiando uma escala de vizinhança, com uma altura amigável para as residências vizinhas.
Tudo isso é conectado por um jardim de uso público e diferenciado dos demais conjuntos da região, pelo tratamento de murais em azulejos, obras para o hall e esculturas desenvolvidas por Friedfeld, que diferenciam e dão identidade a cada um dos blocos dos edifícios.
Como síntese, este conjunto resgata a importância de construir uma unidade habitacional de qualidade, com linhas simples, espaços funcionais e uma agradável espacialidade em busca do conforto do pedestre e do morador, constituindo um espaço habitacional integral e harmonioso.
Arquitetos: Carlos Barella Iriarte e Isaac Eskenazi Tchimino
Localização: Entre Avenida Providencia, Carlos Antunez, Marchant Pereira e Antonio Varas, Santiago de Chile
Município: Providencia
Ano do projeto: 1953 - 1956
Ano da construção: 1957 - 1968
Área: 12,7 Ha.
Área construída: 172.198 m2
Fotografias: María González